
Lamartine Babo (Lamartine de Azeredo Babo)
Compositor. Revistógrafo. Humorista. Radialista. Produtor. Filho de Leopoldo de Azeredo Babo e Bernardina Gonçalves Babo. Nasceu na Rua Teófilo Otoni, no centro da cidade, numa época em que era hábito das famílias de classe média morar nessa região. Com a abertura da Avenida Central, atual Rio Branco, acabaram se mudando para a Tijuca. Sua família era extremamente musical. Sua mãe e irmãs tocavam piano e sua casa era freqüentada por músicos como Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense. Cursou o primário em uma escola pública, e em 1915, foi matriculado no Colégio São Bento, onde cursou o ginásio. Ainda na época do São Bento, compôs um foxtrote, “Pindorama”, um desafio de fazer música usando apenas as notas sol, dó, mi. Por essa época, venceu concurso escolar com a poesia “O frade que pedia esmola” . Em 1917, fez sua primeira valsa, “Torturas de amor”, em homenagem a seu pai que faleceria neste mesmo ano. No ano de 1919, compôs “Ave-Maria”, feita exclusivamente para seu casamento, o que nunca se realizou, pois casou-se, posteriormente, apenas em cerimônia civil, portanto não solene, com Maria José Babo, com quem não teve filhos. Fez ainda outras músicas religiosas, inclusive o “Hino do Jubileu episcopal”. Concluído o ginásio, ingressou no Colégio Pedro II, onde se bacharelou em letras. Em 1920, desejou cursar a Escola Politécnica, mas foi impedido pelas circunstâncias – dificuldades econômicas pelas quais sua família passava. Foi então obrigado a empregar-se como office-boy da Light, o que lhe permitia vez por outra freqüentar as torrinhas do Teatro Municipal, do Teatro Lírico e do São Pedro de Alcântara (atual Teatro João Caetano). Nesse mesmo ano, ainda sem formação técnica musical, compôs “Cibele”, sua primeira opereta. A esta seguiram-se “Viva o amor”, iniciada em 1926 e concluída em 1940, na qual estava incluída a valsa “Eu sonhei que tu estavas tão linda” (parceria com Francisco Mattoso) e “Lola”. As referidas operetas não foram encenadas. Em 1922, colaborou com o teatro de revista para o qual compôs “Agüenta seu Filipe”. Por volta de 1923, suas qualidades de bom humor e facilidade de inventar piadas lhe transformaram em colaborador da revista “Dom Quixote”, que, dirigida por Bastos Tigre, era uma publicação especializada em humorismo, sátiras e críticas aos costumes da época. No ano seguinte, passou a escrever em “Paratodos” e “Shimmy”, usando os pseudônimos de Frei Caneca, Poeta Cinzento, T. Mixto, Janeiro Ramos, entre outros. Ainda em 1924, desligou-se da Light, empregando-se na Companhia Internacional de Seguros. Por volta de 1928, para ajudar no orçamento, foi professor de dança nos clubes Tuna Comercial e Ginástico Português. Ficou também conhecido pelo apelido de “Lalá”. Em 1963, por ocasião de seu falecimento, o jornal O Globo publicou a seguinte nota: “Lamartine Babo, cuja morte surpreendeu sua família, pois ocorreu subitamente, quando ele experimentava sensíveis melhoras, teve ontem enterro concorridíssimo, no Cemitério de São Francisco Xavier. Praticamente todos os nomes da chamada velha guarda musical estiveram presentes, sendo incalculável o número de populares que foram levar o último adeus ao compositor. O caixão estava coberto com a bandeira do América, cumprindo-se assim, o desejo de Lamartine. Em 1960, quando o clube se sagrou campeão carioca, Lamartine prometeu e desfilou, de carro aberto, vestido de diabo”.