Nhô Pai (João Alves dos Santos)

Fez grande sucesso nas décadas de 1940 e 1950, interpretando rasqueados, música na qual as cordas da viola são puxadas todas ao mesmo tempo com as costas dos dedos, e muito utilizadas nas polcas paraguaias. A partir de 1930, passou a atuar com Nhô Fio. Nos anos 1940, fez diversas atuações com Nhá Zefa, com quem gravou inúmeros discos. Em 1940, gravou com Nhá Zefa a  toada “Nunca mais que a gente esquece”, de Tirso Pires e Laureano, e a moda de viola “Num tenho medo de home”, de Ariovaldo Pires e Nhá Zefa. Em 1941, gravou com Nhá Zefa e Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, o cateretê “Agricultura hoje tem seu lugar”, de Ariovaldo Pires e Laureano. No mesmo ano, gravaram as modas-de-viola “Outro drama da vida”, de Nhá Zefa e Ariovaldo Pires, “Moda da fila”, de Nhá Zefa e Sereno, e “Tenho visto”, de Nhá Zefa e Ariovaldo Pires. Em 1942, formou dupla com Tonico, da dupla Tonico e Tinoco, e interpretaram o rasqueado “Casinha de carandá”, de sua autoria, e a valsa “Gauchita”, de Zé Mané. No mesmo ano, gravou com Nhô Fio a moda de viola “O Brasil entrou na guerra”, de sua autoria e Ariovaldo Pires, e o  rasqueado “Fronteira”, com Edgard Cardoso. A partir de 1943, foi-se embrenhando cada vez mais na fronteira paraguaia. Naquele ano, empreendeu excursão por todo o Estado de São Paulo e mais Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso, dirigida pelo Capitão Furtado e contando ainda com Nhá Fia e Mário Zan. Atravessaram pastos em carros de bois, viajaram em caminhões de mudança, apresentando-se em todos os lugares possíveis, cinemas, salões de igrejas e pracinhas. Em 1943, gravou com Nhá Zefa a moda de viola “Meu carro encrencô”, de Laureano e Irmãos Cachoeira. Em 1944, gravou com Nhô Fio, de sua autoria e do parceiro de dupla, o desafio “Corinthians x São Paulo”, introduzindo na música sertaneja um elemento naquele momento mais caracteristicamente urbano, que era o futebol. Em 1945, gravou com Nhô Fio a toada “Meu Brasil”, de sua autoria e Jota Efegê.  No mesmo ano, as Irmãs Castro gravaram o corrido “Beijinho doce”, que se transformaria no seu maior sucesso e num dos maiores clássicos da música popular no Brasil.  “Beijinho doce” foi regravado inúmeras vezes, entre as quais por Adelaide Chiozzo e Eliana, em forma de valsa, incluída no filme “Aviso aos navegantes”, em 1951, e em ritmo de baião por  André Penazzi em 1952. Em 1976, a cantora da Jovem Guarda Nalva Aguiar gravou “Beijinho doce”, que se tornou novamente um grande sucesso, estabelecendo um segundo marco na migração de artistas da Jovem Guarda para o gênero sertanejo. Em 1946, a dupla Zé Pagão e Nhô Rosa gravou  a moda de viola “Caboclo de azar”, de sua autoria. No mesmo ano, Luizinho e Limeira gravaram o tango “Vinte anos a mais”, com Luizinho, e a valsa “Cidade feitiço”, com Limeira. Em 1947, gravou com Nhá Fia a moda de viola “Burro satanás”, de sua autoria e Sebastião Gody, e a valsa “Choro sim”, de Pedro Paraguaçu e Paulo Patrício. No mesmo ano, viajou para Mato Grosso com Nhô Fio e Riellinho, compondo na ocasião diversas chalanas, entre as quais “Casinha de carandá”, em parceria com Bolinha, e grande sucesso com Cascatinha e Inhana. No mesmo período, a dupla Torres e Florêncio gravou de sua autoria, Raul Torres e Godoy, a moda-de-viola “Égua branca”. Em 1952, gravou com Fiico a valsa “Araçatuba”, de sua autoria, e o rasqueado “Eu queria saber”, de Sebastião Godoy. Em 1953, a dupla Palmeira e Biá gravou de sua autoria o valseado “Sombranceia grossa”.  Em 1954, a dupla Cascatinha e Inhana gravou a valsa “Com Deus”. Gravaram também de sua autoria, “Iracema” e “Seu aniversário”. Em 1955, compôs com Mário Zan o tango “Amor e ciúme”, gravado pelo próprio Mário Zan e “Coração sem dono”, gravado pelo Duo Irmãos Vieira. Entre seus parceiros estão  Ariovaldo Pires, com quem compôs “Meus oito anos”, Piraci, com quem fez o rasqueado “Lencinho nanduty”, e Mário Zan, com quem compôs “Orgulhosa” e “Seriema”. Deixou mais de 50 composições. Em 2002, o corrido “Beijinho doce” foi regravado pelas Irmãs Galvão em CD lançado pela Chantecler. Em 2007, teve sua música “Beijinho doce” regravada por Mazinho Quevedo e Tinoco, no álbum ao vivo “Coração caipira”, do selo Som Livre, produzido por Mazinho Quevedo, Tinoco e José Carlos Perez.

Áudios