Arnô Provenzano

Uma de suas primeiras composições gravadas foi o samba “Resignação”, uma parceria com Geraldo Pereira gravada por Odete Amaral na Odeon em 1943 e um dos sucessos daquele ano. Três anos depois, fez parceria com Erasmo Silva no samba “Errar é banal” lançado por Linda Batista na gravadora Victor. Embora com algumas composições gravadas até então, sua atuação no meio musical somente ganharia destaque na década de 1950 quando assinou inúmeras parcerias principalmente com Otolindo Lopes. Em 1950, Elizeth Cardozo gravou pela Todamérica o samba “A mentira acaba”, parceria com Rui de Almeida; Ivan de Alencar registrou, também na Todamérica, a batucada “Ê, ê rapaziada”, com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães, e o cantor Jorge Veiga lançou pela Continental o samba “Medalha dourada”, com Otolindo Lopes. No ano seguinte, duas parcerias com Otolindo Lopes foram gravadas na Odeon pelo sambista Risadinha: “O doutor não gosta” e “Você já foi”. Segundo o filósofo Leandro Konder no artigo “MPB e política”, “Arnô Provenzano e Otolindo Lopes fizeram o samba “O doutor não gosta”, tentando reagir à imposição de novas leis que proibiam aos homens ”mexer com as mulheres” (comentário deles: ”Mas será gozado se a mulher mexer com a gente”)”.

Em 1952, o mesmo Risadinha gravou os sambas “Aviso prévio”, e “A felicidade é sua”, e a “Marcha do mudo”, todas com Otolindo Lopes, também na Odeon. Ainda pela Odeon, os Vocalistas Tropicais lançaram a marcha “Fiquei atravessado”, com Otolindo Lopes. Visando o carnaval de 1954, Risadinha gravou em outubro de 1953 a marcha “Eu quero rebolar”, com Otolindo Lopes, enquanto Odete Amaral registrou o samba “Nasceu pra sofrer”, com Isaias Ferreira e Oldemar Magalhães. Também nesse ano, os Vocalistas Tropicais gravaram pela Continental a marcha “Amor de rica”, com Almeidinha, Oldemar Magalhães e Otolindo Lopes. Em 1954, fez com Gildo Pinheiro e J. Reis, o samba “Vida incerta” lançado por Osvaldo Silva na gravadora Copacabana, e com Otolindo Lopes, o samba “Café Nice”, falando do famoso café onde se reuniam compositores e cantores no centro do Rio de Janeiro, gravado com sucesso por Risadinha na Odeon. Ainda no mesmo ano, mais duas marchas com Otolindo Lopes foram gravadas na Odeon: “Casado fala pouco”, por Risadinha, e “Miss crioula”, por Odete Amaral. Em 1955, fez sucesso no carnaval com a marcha “Napoleão boa boca”, parceria com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães, gravada por Blecaute na Copacabana e escolhida por um júri reunido no Teatro João Caetano como um das dez mais populares marchas do carnaval daquele ano. No mesmo ano, a cantora Marlene gravou pela Sinter a marcha “A fruta é boa”, com Otolindo Lopes e Fausto Guimarães, e o sambista Roberto Silva lançou pela Copacabana o baião “Está uma gracinha”, com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães. Em 1956, fez sucesso no carnaval com a marcha “Vai, vigarista”, parceria com Otolindo Lopes, gravada por Gilberto Alves na Copacabana. Teve ainda a marcha “Cão que ladra não morde”, com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães, gravada por Marlene em disco da RCA Victor. No ano seguinte, a marcha “Não te mete nisso”, com Otolindo Lopes e William Duba, foi gravada por Vera Lúcia pela Continental; a marcha “Quantos manetas”, com Otolindo Lopes foi lançada por Gilberto Alves pela Copacabana, e a marcha “Quem vive de vento”, com William Duba e Otolindo Lopes, foi registrada por Dircinha Batista pela RCA Victor. Ainda em 1957, foram gravadas na Todamérica duas marchas, parcerias com Otolindo Lopes e Fausto Guimarães: “Quem perdeu foi ela”, por Ari Cordovil, e “Pistão e trombone”, por Ivete Garcia. No carnaval paulista de 1957, a gravação da qual mais discos se vendeu foi a marcha “Ela foi fundada”, uma parceria com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães, gravada na RCA Victor por Dircinha Batista, cantora que ainda apresentaria essa marcha no filme “Metido a bacana”, que alavancou a marcha para o sucesso nacional. Teve duas composições feitas em parceria com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães gravadas pelas irmãs Batista em 1958 pela RCA Victor: o samba “Uma grande dor”, na voz de Linda Batista, e a marcha “Papai é camarada”, na voz de Dircinha Batista. Em 1962, teve a marcha “Vou ter um troço”, com Otolindo Lopes e Jackson do Pandeiro, gravado pela Continental pelo harpista Papi Galan. No mesmo ano, as marchas “Vou ter um troço” e “Tô com a macaca”, com Jackson do Pandeiro e Otolindo Lopes, foram gravadas na Philips por Jackson do Pandeiro. Ainda em 1962, o cha-cha-cha “Vou ter um troço”, com Otolindo Lopes e Jackson do Pandeiro, foi gravado na Mocambo por Romeu Fossati e Sua Orquestra. Em 1963, sua marcha “Atchim (Deus te ajude)”, com Otolindo Lopes e Oldemar Magalhães, foi registrada por Heleninha Costa na gravadora Chantecler. No mesmo período, a marcha “Segura o homem”, com Flora Matos e Otolindo Lopes, foi gravada por Luiz Vanderley, a marcha “Pau de arara enxuto”, com Otolindo Lopes e José Batista, foi registrado pelo comediante Valter D’Ávila, a marcha “Mete a mão no bolso”, com Flora Matos, recebeu registro de Sandra Helena, e a marcha “Com você eu fico”, com José Batista e Otolindo Lopes, foi lançada por Orlando Gil, as quatro pela pequena gravadora Albatroz. Em 1976, o samba-canção “Resignação”, com Geraldo Pereira, foi regravado por Cristina Buarque no LP “Prato e faca”, da RCA Victor. Em 1983, o samba “Resignação” foi incluído no LP “Geraldo Pereira – Pedrinho Rodrigues e Bebel Gilberto”, lançado pela Funarte em homenagem a Geraldo Pereira. Em 1997, sua composição “A mentira acaba”, com Rui de Almeida, foi relançada em CD lançado péla RGE em homenagem à cantora Elizeth Cardoso. No ano seguinte, o samba “Resignação”, com Geraldo Pereira, foi incluído no disco “Chico Buarque de Mangueira” lançado por Chico Buarque. O samba “Medalha dourada” foi relançado em 2001 pelo selo Revivendo no CD “Testamento dos sambista” que reuniu gravações de Moreira da Silva, Jorge Veiga e Caco Velho. Já o samba “Miss crioula” na voz de Odete Amaral foi relançado no CD “Carnaval – Sua História, Sua Glória”, voume 22 editado pela Revivendo no mesmo ano. Em 2002, a marcha “Tô com a macaca”, com Otolindo Lopes e Jackson do Pandeiro, foi regravada por Silvério Pessoa no disco independenete “Batidas Urbanas – Projeto Micróbio do Frevo”.

Com mais de trinta composições gravadas, teve como principal parceiro Otolindo Lopes, mas também fez parcerias com Oldemar Magalhães, Jackson do Pandeiro, Geraldo Pereira e Rui de Almeida. Suas composições foram gravadas por Linda Batista, Dircinha Batista, Marlene, Risadinha, Erasmo Silva, Jorge Veiga, Odete Amaral e outros.

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