
Luís Peixoto (Luís Carlos Peixoto de Castro)
Teve várias atividades paralelas ao teatro, trabalhando em jornais e revistas como redator e caricaturista. Aos 15 anos de idade, a 13 de março de 1904, publicou na “Revista da Semana” seus primeiros desenhos, ironizando aspectos da vida do Rio de Janeiro. No ano seguinte, mostrou suas caricaturas a Raul Pederneiras, que as publicou na revista “O Malho”. Entre 1906 e 1919, foi desenhista e redator do “Jornal do Brasil”, no Rio de Janeiro e “Sete Horas”, em São Paulo, com Jorge Marjorie e E. Batista Pereira. Colaborou, na época, com várias revistas como “O Papagaio” e “A Avenida” em 1906 e “Tan-tan” e “Fon-fon” em 1907. Entre os anos de 1907 e 1914, assinou caricaturas em parceria com Raul Pederneiras para a “Revista da Semana”. Usavam o pseudônimo de Raiz.
Em 1911, estreou no teatro com a revista “Seiscentos e seis”, produzida com Carlos Bittencourt. No ano seguinte, fez grande sucesso com a burleta de costumes cariocas “Forrobodó”, escrita com Carlos Bittencourt e musicada por Chiquinha Gonzaga. A peça foi montada no Teatro São João e atingiu 1.500 apresentações. No mesmo ano, fundou juntamente com Casper Líbero, Olegário Mariano e Raul Pederneiras o jornal “Última hora”, fechado pouco tempo depois por motivos políticos. Em 1913 fez sucesso com a revista “Abre-alas”, com Armando Rego, com músicas de Chiquinha Gonzaga e Luz Júnior. Foi o criador, junto com Luís Edmundo, Portinari, Jaime Ovalle, Vasco Leitão da Cunha e outros, do Baile dos Artistas, no Teatro Fênix. Fez várias viagens à Europa, estudando teatro na Espanha, Portugal e Alemanha. Em 1917 estreou por acaso como cenógrafo na revista “Três pancadas”. Em 1918 fez sucesso com a revista “Flor do Catumbi”, com Carlos Bittencourt e músicas de Júlio Cristóbal e Enrique Sánchez. Trabalhou no início da década de 1920 em Paris, como cenógrafo. Lá montou várias peças, trazendo novas idéias, que revolucionaram o teatro de revista no Rio de Janeiro, quando retornou. Firmou-se como autor no gênero bem carioca de revista musical de costumes. Entre 1923 e 1925, além de escrever para o teatro foi diretor artístico, figurinista e cenógrafo da Companhia de Teatro São José e diretor artístico da Companhia Tangará, no Cine-teatro Glória. Em 1924 estreou a revista “Secos e molhados”, em parceria com Marques Porto. Em 1926 escreveu com Marques Porto a revista “Prestes a chegar”, que alcançou grande sucesso com músicas de Júlio Cristóbal e Pedro Sá Pereira. Em 1927 escreveu com o mesmo Marques Porto a revista “Paulista de Macaé”. No mesmo ano, fundou juntamente com Hekel Tavares, Álvaro Moreira e Joraci Camargo o Teatro de Brinquedo, no subsolo do Cassino Beira-Mar. Em 1928 apresentou entre outras, a revista “Miss Brasil” na qual foi lançado o samba canção “Ai, Ioiô”, parceria com Henrique Vogeler na voz de Aracy Cortes e que se tornou rapidamente um grande sucesso e um clássico da MPB, regravada entre outras por Odete Amaral, Isaura Garcia, Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Elizath Cardoso, Tetê Espíndola e Maria Bethânia.
Em 1928 teve gravadas a toada “Sussuarana”, por Gastão Formenti e as canções “Estrela pequenina” e “Me deu uma vontade de chorar” por Sérgio da Rocha Miranda, todas parcerias com Hekel Tavares. No ano seguinte, a canção “Casa de caboclo”, outra parceria com Heckel Tavares foi gravada por Ruth Caldeira de Moura na Odeon. Esta canção foi ainda regravada entre outros, por Gastão Formenti, Inezita Barroso, Paulo Tapajós, Renato Teixeira e Luiz Gonzaga. Em 1930, Aracy Cortes gravou o samba “Meu Senhor do Bonfim”, parceria com Pedro de Sá Ferreira e Marques Porto. No mesmo ano, tornou-se Diretor Artístico da Companhia Antônio Neves no Teatro João Caetano. Estreou também a revista “Vai dar o que falar”, parceria com Marques Porto e na qual a cantora Carmen Miranda atuou por apenas uma noite devido às repercussõs negativas do quadro “Mangue”, alusivo ao baixo meretrício e que recebeu severas críticas. Ainda no mesmo ano teve gravadas por Francisco Alves as canções “Pra sinhozinho drumi” e “No pegi de Oxossi”, e pelo cantor paulista Paraguassu a canção “Azulão”, todas parcerias com Hekel Tavares. No ano seguinte, foi diretor literário da Companhia de Comédias Musicadas Trianon. No mesmo ano escreveu com Ary Barroso a revista “Com que roupa?”, com músicas do próprio Ary Barroso, Freire Jr. e Vadico apresentada pelo elenco da Companhia Mulata Índia do Brasil, com destaque para a cantora e atriz Rosa Negra. Ainda no mesmo ano conheceu outro êxito musical, o samba-canção “Maria”, parceria com Ary Barroso, gravado inicialmente por Leonel Faria e regravado entre outros por Silvio Caldas, Severino Araújo, Trio Irakitan, Wilson Simonal, Lúcio Alves e Maria Bethânia.
Em 1932, com Batista Júnior, foi empresário da Companhia de Burletas, no Teatro João Caetano, além de diretor da Rádio Clube do Brasil. Em 1934 teve lançada por Gastão Formenti a toada “Boiadeiro”, com Almirante, na Victor e por Elisa Coelho a canção “Bateram na minha porta”, parceria com Ary Barroso, também na Victor. No mesmo ano, Carmen Miranda gravou outra de suas parcerias com Ary Barroso, o samba-canção “Na batucada da vida”, que se tornou um clássico, regravado entre outros por Dircinha Batista, Elis regina, Tom Jobim e Joyce. Em 1935, dirigiu a Companhia Babel, no Teatro da República. No mesmo ano, Batista Jr. registrou na Odeon o intermezzo “Cavalhada Franciscana”, parceria com Ary Barroso. A partir desse ano publicou uma série de poemas humorísticos em “O Malho”. Fez vários trabalhos de ornamentação carnavalesca no Rio de Janeiro, desenhou capas de livros, destacando-se a capa de “Cidade-Mulher”, de Álvaro Moreira e criou também em Paris, um modelo especial de automóvel esporte, construído em exemplar único pela fábrica de motocicletas Bellot.
Em 1937 escreveu com Gilberto de Andrade a revista “Quem vem lá”, com músicas de Ary Barroso e Assis Valente. No mesmo ano compôs com Ary Barros o samba-jongo “Quando eu penso na Bahia”, gravado por Carmen Miranda e Sílvio Caldas na Odeon. No ano seguinte, Nuno Roland gravou a valsa “Súplica de amor”, parceria com o maestro Radamés Gnattali. Em 1940 teve várias composições gravdas por Carmen Miranda, que voltou ao Brasil por um curto período, entre elas, os sambas “Disseram que voltei americanizada” e “Voltei pro morro” e o choro “Disso é que eu gosto”, parcerias com Vicente Paiva. Em 1941 escreveu com Freire Jr. a revista “Brasil pandeiro”, com músicas de Assis Valente e a participação, entre outros, da atriz Alda Garrido e da dupla Jararaca e Ratinho. Em 1943 foi Diretor de Estatística e Assistência Social do Saps. Em 1944, Dircinha Batista gravou o samba “Meu amor onde é que está”, parceria com Vicente Paiva. Em 1945 escreveu com Geysa Bóscoli e Paulo Orlando “Canta Brasil”, em homenagem à tomada de Monte Castelo pelos pracinhas brasileiros na Itália, levada à cena no Teatro Recreio, com músicas entre outros de Ary Barroso, Sá Pereira e Alcyr Pires Vermelho.
Em 1946 foi um dos fundadores da SBAT, tendo sido diretor e conselheiro por várias vezes. Em 1947, lançou “O que eu quero é rosetá” com Geysa Boscoli, estreada no Teatro Carlos Gomes e que contou com as presenças de Emilinha Borba e Jorge Veiga. Em 1950 teve gravados o samba “Por que razão”, por Dóris Monteiro e a canção “Na paz do Senhor”, por Lúcio Alves, ambos na Continental, parcerias com José Maria de Abreu. A partir de 1953, passou a dirigir a Escola de Teatro Martins Pena. Foi diretor do Instituto Brasileiro de Teatro e da Academia Brasileira de Artes. Em 1956 a Sinter lançou o LP “Sadi Cabral interpreta poemas de Luiz Peixoto”, no qual o ator declamou, entre outros, os poemas “Bandeira”, “Mulato de qualidade”, “Muamba de São Benedito” e “Súbúrbio”.
Em 1957 o trio de Ouro gravou de sua parceria com Vicente Paiva o samba-canção “Moamba de São Benedito”. Em 1959, o samba “É luxo só”, feito em parceria com Ary Barroso, foi incluído por João Gilberto no hoje histórico LP “Chega de saudade”, e que teve ainda inúmeras outras gravações, entre as quais, as de Gal Costa, Elizeth Cardoso, Chiquinho do Acordeom, Luiz Bandeira, Jorge Goulart e Elza Soares. Em 1962, a canção “Casa de caboclo”, com Hekel Tavares foi relançada por Gilberto Alves no LP “Gilberto Alves de sempre” lançado pela gravadora Copacabana. Em 1962 e 1963, foi membro da comissão julgadora dos prêmios de teatro do Estado da Guanabara. Neste último ano, recebeu a medalha Homenagem ao Mérito, por mais de 30 anos de serviços prestados ao teatro brasileiro. Em 1964 teve publicado pela Editora Brasil-América seu único livro, “Poesia de Luiz Peixoto”. No mesmo ano, Tito Madi gravou a “Canção praieira” na Odeon. Em 1966 teve a “Oração do guerreiro” gravada por Inezita Barroso. Escreveu famosos monólogos, interpretados em todo o país por Procópio Ferreira, Mesquitinha, Margarida Lopes de Almeida e outros.
Em 1977, foi homenageado pela Rede Globo de Televisão com programa de uma hora de duração, na série “Brasil Especial”, escrito por Ricardo Cravo Albin e dirigido por Augusto César Vanucci, em que parte de sua obra e vida foram mostrados a todo o país. Foi, durante 45 anos, um dos mais importantes autores de teatro de revista, produzindo, pelo menos, 110 peças do gênero. Em 2002, foi editada a biografia “pelo buraco da fechadura”, escrita pelo poeta Lysias Enio e prefaciada por R. C. Albin. Em 2005, teve o maxixe “Nego meu amor”, parceria com José maria de Abreu, relançado na gravação de Ivon Curi e Marlene no CD “Farinhada à francesa”, do selo Revivendo que reuniu gravações de Ivon Curi.